terça-feira, 6 de novembro de 2007

Jornalista x garoto-propaganda

Esse texto abaixo relatado eu peguei no Blog do Kajuru, e retrata a sua opinião a respeito da relação que existe hoje entre jornalistas que cada vez mais tornam-se garotos-propaganda.

O texto chama-se "A mídia de porre" e foi publicado na Folha de São Paulo em 05 de maio de 2004 quando Kajuru escrevia para o jornal.

O tema é delicado, afinal nós, jornalistas (e aspirantes à tal) possuímos um compromisso, inerente a profissão, com a verdade.

Ao contrário de um ator ou um músico, os jornalistas não emprestam sua imagem pública ao anunciar um produto, mas sim a sua credibilidade conquistada com base nesse compromisso com a verdade.

Aí é que entra o perigo, já que a credibilidade é algo que se conquista, mas que não se empresta ou se vende. E principalmente que não deveria ter preço.

Vamos ao texto:

São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

FUTEBOL

MÍDIA DE PORRE

JORGE KAJURU

ESPECIAL PARA A FOLHA

Como é bom recordar artigos do Tostão. Em "Papai Noel eletrônico", vibrei quando ele imortalizou: "No mundo moderno ou pós-moderno, da cultura, da vulgaridade e do exibicionismo, vende-se de tudo, principalmente a própria imagem. Quem não aparece não se vende, não tem prestígio, nem fatura. O importante não é fazer bem e sim vender bem. Às vezes, percebendo ou não, vende-se também a alma. São jornalistas virando garoto-propaganda, exercendo dupla função".

A lembrança do que definiu Tostão deve-se a outro artigo, de Marcos Augusto Gonçalves nesta mesma Folha. Mag, do time ético de Tostão, discute o papel de Ronaldo como garoto-propaganda de cerveja. Proponho o debate sobre a mistura de jornalismo com publicidade na TV. Há diferença entre jogador e jornalista na venda de cerveja? Sim, o jornalista não é artista e sobrevive de sua opinião e credibilidade.

O jogador vive dos pés, não da boca. Tem algo mais antiético ou imoral do que chamar o conhecido Parque Antarctica de Parque Schincariol só porque sua emissora tem patrocínio da Schin? Infelizmente jornalismo esportivo de verdade é raridade na TV. Muitos se embebedaram de vez, e os poucos que recusam esse tipo de porre logo poderão ser chamados de estranhos ou de dinossauros, como concluiu Tostão.

Prefiro a pré-história.

Jorge Kajuru, 43, é apresentador do "Esporte Total" da TV Bandeirantes

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