quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Um são-paulino acima de qualquer coisa

O título acima poderia ser pra falar sobre mim, mas esse não é o caso.
Na verdade refiro-me ao goleiro titular do time do São Paulo Futebol Clube desde 1997, e atleta do clube desde 1991: Rogério Ceni.

Nascido na cidade de Pato Branco (PR) em 22/01/1973, atuou pelas categorias amadoras do Sinop-MT, antes de tranferir-se para o São Paulo há 16 anos atrás. É casado com a psicóloga Sandra e pai das gêmeas Beatriz e Clara.

Rogério é o atleta que mais vezes atuou com a camisa tricolor, são mais de 750 partidas pelo clube, e também o maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial com 76 gols anotados na carreira.

Aliás, falar de Rogério é falar sobre a quebra de recordes, tabus e paradigmas. E o atleta, nessa semana que passou, mais uma vez gravou seu nome na história ao ser o único jogador brasileiro a figurar na lista de 50 indicados ao prêmio de melhor jogador do mundo em 2007 oferecido pela revista francesa France Football, que não atua em nenhum clube do continente europeu.

Rogério por diversas vezes causou polêmica por sua postura incomum aos atletas de futebol, dificilmente expressa-se com erros de português, tem opinião formada até mesmo sobre assuntos polêmicos e controversos como política, e não teme dissertar sobre eles quando lhe é solicitado.

Uns taxam-no logo como mascarado, outros como arrogante e falso, entre outros adjetivos assaz "carinhosos". Enquanto em outros, Rogério desperta o mais puro sentimento de admiração, até mesmo nos torcedores dos outros clubes (minha amiga Luisa que o diga).

Rogério chegou num ponto onde pouco se discute sua qualidade como jogador, reconhecido como bom goleiro tanto por sua torcida como pelos adversários, virou queridinho da imprensa, meio que uma unanimidade, e aí reside o perigo já que toda unanimidade é burra.

Mas a experiência trouxe ao guarda metas tricolor a sabedoria suficiente para ver que a fama é passageira, que os elogios duram apenas até o próximo "frango" tomado ou campeonato perdido. No futebol, quem deseja vencer, deve matar um leão por jogo, e Rogério já faz tempo deixou de acreditar ser realmente o melhor goleiro do país, e isso teve importância fundamental para que ele se torna-se tal.

Rogério mudou muito nos últimos anos, tornou-se o que no futebol chamamos de "um cara de grupo", ou seja, aquele jogador que valoriza o time como um todo, elogiando os companheiros a todo momento e tentando dispersar as luzes dos holofotes sobre os demais, luzes essas, que ficaram por um bom tempo apenas sobre o arqueiro dentro do Morumbi.


Todas essas constatações já serviriam para atestar Rogério como um atleta diferenciado, mas na verdade o que mais me impressiona no atleta é a sua identificação com o clube que defende há tanto tempo. O goleiro é realmente um são-paulino fanático (no bom sentido da palavra), briga pelo clube e fala com naturalidade de sua paixão por ele.

Só quem já o viu dando voltas no gramado por mais de 10 minutos após uma partida apenas para agradecer os torcedores pela presença e apoio após uma partida difícil pode entender o sentimento que os são-paulinos nutrem pelo seu goleiro.

E Rogério fomentou e ratificou essa paixão ao enraizar sua carreira no Brasil e atuando apenas pelo São Paulo. Num país onde o brilho das jovens estrelas em nossos campos é cada vez mais efêmero, criar uma carreira de sucesso como Rogério fez aqui no Brasil é um feito louvável.

Carreira essa, que foi coroada em 2005 quando Rogério finalmente conquistou o Mundo (feito que ele buscava obstinadamente desde que foi campeão do mundo como reserva pelo próprio São Paulo em 1993). E que agora foi merecidamente reconhecida pelos europeus.

Obviamente Rogério não irá ganhar o prêmio, sequer ficará entre os 10 melhores. Mas só o fato de estar entre os indicados já é uma vitória, ainda mais por ser o primeiro jogador de um clube sul-americano a figurar na lista em mais de 50 anos de premiação.

Parece que até na Europa já conseguem enxergar o que o nosso treinador da Seleção, Dunga, insiste em não ver.

Como disse o jornalista Vitor Birner em seu blog:


"O mito do Morumbi contrariou padrões.

Azar de quem não reconhece o craque Rogério Ceni.

Azar da seleção brasileira.

Sorte do São Paulo!"

Já diz um dos lemas da torcida tricolor: "Todos têm goleiros, mas só nós temos Rogério Ceni!" Parabéns ao nosso Capitão!


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