terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sobre a polêmica do "Orlandinho"

Bem, como vocês devem ter visto em algum lugar, na semana retrasada rolou uma cena na novela A Favorita, da Globo, onde o tal do Orlandinho (personagem de Iran Malfitano, na trama, homossexual assumido) diz que gostaria que o seu suposto filho com a personagem da Deborah Secco fosse são-paulino, quando o personagem de Cauã Reymond (o verdadeiro pai da criança) dá uma camisa do Corinthians de presente para o bebê.


Pra quem não viu a cena, é só dar play no link do youtube que está no fim do texto.


Vocês devem estar se perguntando o por quê de eu voltar nesse assunto só agora, certo?


Não comentei antes porque não vi a cena, fiquei sabendo dela pelas notícias divulgadas, principalmente, nos jornais esportivos.


Como o assunto voltou à tona lá na faculdade hoje, resolvi publicar o que penso sobre a “suposta” provocação da Vênus Platinada aos tricolores paulistas.


A cena em si não tem nada demais, o futebol faz parte de nossa cultura, nada mais natural que até personagens de novela possuam suas preferências futebolísticas.


Os clubes citados, em específico, e os papéis atribuídos a cada um deles é que demonstram o preconceito, a baixeza e a completa ausência de caráter naqueles que dirigem a emissora carioca.


São Paulo e Corinthians (junto com Botafogo e Flamengo) têm se rebelado contra a Globo (dona dos direitos de transmissão dos campeonatos de futebol no Brasil) pelo pagamento de valores maiores nessas cotas de transmissão.


O Corinthians, endividado, já acenou em diversos momentos com a possibilidade de “dar para trás” no motim.


Em situação financeira um pouco melhor, o São Paulo se mantém firme em sua posição.


Comerciais e campanhas com elogios ao Corinthians têm sido lugar comum na programação da Globo durante o ano. A audiência do clube na Série B superou até a da Seleção em alguns jogos.


Desde a polêmica das legendas nos gritos da torcida corintiana no jogo contra o tricolor no ano passado (tema de um post antigo nesse blog), a audiência dos jogos do tricolor na emissora só tem caído.


Os são-paulinos não engoliram aquela história e muita gente, assim como eu, tem evitado ver as partidas do clube na Globo.


Motivos comerciais levaram à essa demonstração gratuita de preconceito.


Assim como quem se indignou com a cena também está sendo preconceituoso.


Ser homossexual não é um erro, cada um tem direito a fazer o que bem entender da sua vida e de como buscar sua felicidade pessoal.


O termo “gay” nem deveria ser considerado como ofensa ou pejorativo, mas sabemos que na nossa sociedade ainda é assim.


Sou são-paulino, mas nem por isso vou me deixar levar por essas bobagens e brincadeiras realizadas entre torcedores rivais.


Desde que não haja agressão física ou moral, a tiração de sarro entre amantes do mesmo esporte é saudável.


O que me irrita é a exposição da imagem e do nome do clube (e aí poderia ser qualquer clube, não especificamente o meu) numa citação preconceituosa, ofensiva e de cunho puramente comercial.


Faço minhas as palavras do jornalista Vitor Birner quando diz que:


“Os cartolas do Morumbi deveriam tirar proveito da campanha.


O São Paulo poderia atrair ainda mais consumidores e aumentar a torcida.


Deveria ser o time que trata os que sentem-se mal por causa da homofobia futebolística, como gente normal que são.


Ao longo do tempo, o homossexualismo não será mais um tabu e os que gostam de futebol terão time de preferência.


Até onde sei, há varias empresas de olho nessa fatia do mercado.


Cá está uma das dificuldades do ‘velho futebol’”.




.

Nenhum comentário: