Bem, como vocês devem ter visto em algum lugar, na semana retrasada rolou uma cena na novela A Favorita, da Globo, onde o tal do Orlandinho (personagem de Iran Malfitano, na trama, homossexual assumido) diz que gostaria que o seu suposto filho com a personagem da Deborah Secco fosse são-paulino, quando o personagem de Cauã Reymond (o verdadeiro pai da criança) dá uma camisa do Corinthians de presente para o bebê.
Pra quem não viu a cena, é só dar play no link do youtube que está no fim do texto.
Vocês devem estar se perguntando o por quê de eu voltar nesse assunto só agora, certo?
Não comentei antes porque não vi a cena, fiquei sabendo dela pelas notícias divulgadas, principalmente, nos jornais esportivos.
Como o assunto voltou à tona lá na faculdade hoje, resolvi publicar o que penso sobre a “suposta” provocação da Vênus Platinada aos tricolores paulistas.
A cena em si não tem nada demais, o futebol faz parte de nossa cultura, nada mais natural que até personagens de novela possuam suas preferências futebolísticas.
Os clubes citados, em específico, e os papéis atribuídos a cada um deles é que demonstram o preconceito, a baixeza e a completa ausência de caráter naqueles que dirigem a emissora carioca.
São Paulo e Corinthians (junto com Botafogo e Flamengo) têm se rebelado contra a Globo (dona dos direitos de transmissão dos campeonatos de futebol no Brasil) pelo pagamento de valores maiores nessas cotas de transmissão.
O Corinthians, endividado, já acenou em diversos momentos com a possibilidade de “dar para trás” no motim.
Em situação financeira um pouco melhor, o São Paulo se mantém firme em sua posição.
Comerciais e campanhas com elogios ao Corinthians têm sido lugar comum na programação da Globo durante o ano. A audiência do clube na Série B superou até a da Seleção em alguns jogos.
Desde a polêmica das legendas nos gritos da torcida corintiana no jogo contra o tricolor no ano passado (tema de um post antigo nesse blog), a audiência dos jogos do tricolor na emissora só tem caído.
Os são-paulinos não engoliram aquela história e muita gente, assim como eu, tem evitado ver as partidas do clube na Globo.
Motivos comerciais levaram à essa demonstração gratuita de preconceito.
Assim como quem se indignou com a cena também está sendo preconceituoso.
Ser homossexual não é um erro, cada um tem direito a fazer o que bem entender da sua vida e de como buscar sua felicidade pessoal.
O termo “gay” nem deveria ser considerado como ofensa ou pejorativo, mas sabemos que na nossa sociedade ainda é assim.
Sou são-paulino, mas nem por isso vou me deixar levar por essas bobagens e brincadeiras realizadas entre torcedores rivais.
Desde que não haja agressão física ou moral, a tiração de sarro entre amantes do mesmo esporte é saudável.
O que me irrita é a exposição da imagem e do nome do clube (e aí poderia ser qualquer clube, não especificamente o meu) numa citação preconceituosa, ofensiva e de cunho puramente comercial.
Faço minhas as palavras do jornalista Vitor Birner quando diz que:
“Os cartolas do Morumbi deveriam tirar proveito da campanha.
O São Paulo poderia atrair ainda mais consumidores e aumentar a torcida.
Deveria ser o time que trata os que sentem-se mal por causa da homofobia futebolística, como gente normal que são.
Ao longo do tempo, o homossexualismo não será mais um tabu e os que gostam de futebol terão time de preferência.
Até onde sei, há varias empresas de olho nessa fatia do mercado.
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