sábado, 1 de março de 2008

Momento decisivo

O "império" do atacante Adriano, do São Paulo F.C., está sucumbindo a sua própria grandeza e poder.

Carismático, "fazedor" de gols e dono de uma força física poucas vezes encontrada em jogadores da sua posição, o Imperador rapidamente conquistou as torcidas de todos clubes por onde passou.

Igualmente rápido, com seu retorno ao país, tornou-se o principal atrativo do futebol brasileiro nesse começo de ano e a maior esperança dos são-paulinos na reconquista da Libertadores da América.

E me parece que, também de forma bem rápida, a esperança tem se transformado em impaciência e pode ainda virar uma grande decepção ou, pior, aversão.

Adriano está devendo futebol desde que chegou ao Morumbi, na verdade, ele não emenda três bons jogos desde 2006 após o fiasco da Seleção na Copa.

No futebol, entretanto, uma fase ruim tecnicamente normalmente é compensada com disposição, dedicação e vontade de se superar.

Vontade essa que Adriano parece estar perdendo, ou talvez revelando que nunca a tenha tido de verdade.

As últimas atitudes do atacante têm me deixado essa desconfiança.

Principalmente para alguém que quatro meses atrás chegava ao país dizendo apenas querer recuperar-se dos problemas com a bebida e retornar à alegria de jogar futebol após ter sido praticamente expulso da Itália em função das (às vezes) exageradas cobranças da torcida e da imprensa italiana.

Não vestir-se conforme as normas do clube, chegar atrasado ao treinamento e ir embora sem autorização mostram que talvez o espírito não é exatamente aquele alardeado na chegada.

Ou pior, talvez possa indicar que o atleta julgue ser maior e mais importante que o clube.

Não o é. E tampouco virá a sê-lo algum dia.

É hora da Diretoria do São Paulo mostrar isso a ele, tratando-o da mesma maneira como trata os demais atletas do elenco e tratou os que por lá já passaram.

Ontem foi anunciado que Adriano sofrerá uma punição com multa de 40% de seu salário, além de ter uma "conversinha" particular com o presidente do clube hoje para aparar algumas arestas.

Tanto o atleta quanto a direção tricolor têm a chance de crescerem com esses recentes episódios.

A direção do clube poderá provar ao mundo sua tão alardeada seriedade e competência ao não conceder privilégios ao jogador. E Adriano terá de enxergar que mais uma vez está desviando-se daquilo que melhor sabe fazer, jogar futebol.

Creio que essa seja a última chance do atacante no futebol em alto nível.

Se os incidentes ocorridos na Itália continuarem se repetindo aqui no Brasil, uma reação semelhante ou até pior será inevitável. Sendo dispensado pelo São Paulo antes de cumprir seu, já curto, contrato de 6 meses Adriano dificilmente terá chances na Internazionale ou em qualquer grande clube europeu.

Está na hora de ambos decidirem seus rumos. E, como disse o Vítor Birner, que São Paulo e Adriano tomem as melhores decisões.

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